O governo Bolsonaro mantém a todo vapor seu projeto de entrega das empresas públicas brasileiras ao setor privado. Nesta semana, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, anunciou proposta de abertura de capital de quatro subsidiárias do banco até junho do próximo ano, na Bolsa de Valores da capital paulista (a B3) e em Nova Iorque (EUA). O anúncio foi feito durante evento com investidores privados e representa uma forte ameaça à Caixa 100% pública e, consequentemente, ao seu papel estratégico para o desenvolvimento do país.
Na mira do governo estão as áreas estratégicas do banco: seguro, cartões de crédito, loterias e gestão de recursos. De acordo com Guimarães, a proposta é vender até 30% das unidades nas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês). Mesmo com esse limite, a abertura de capital representa a privatização da Caixa.
“Abrir o capital é apenas uma forma de mascarar o processo de privatização do banco. Não podemos aceitar nenhuma dessas medidas, pois a venda ou abertura de capital das subsidiárias compromete severamente o papel público da Caixa. Como banco 100% sob controle público, a Caixa é livre para ser instrumento do Estado para interferir na economia, contribuindo para o desenvolvimento do país. Justamente por não ser submissa ao rentismo do setor privado, a Caixa pode adotar medidas de apoio ao crédito, à habitação, reduzir juros, entre outras áreas”, enfatiza a diretora do Sindibancários/ES, Rita Lima.
Além da abertura de capital, o presidente do banco também anunciou a possibilidade de venda de edifícios que abrigam até 2 mil agências da Caixa. Todas essas medidas fazem parte do projeto do governo Bolsonaro de sucateamento das empresas públicas brasileiras e de um devastador plano de privatização.
“Caso todas essas medidas se concretizem, os empregados da Caixa e a população brasileira serão gravemente prejudicados. Enquanto a empresa é pública, os interesses são públicos. Mas a partir do momento em que o capital é aberto, a busca por alta lucratividade a qualquer custo para remunerar os acionistas passa a ser a prioridade. Para os empregados, essa política representa maior pressão para bater metas, corte de vagas, entre outras consequências. Para a população, será a redução da oferta de crédito imobiliário, aumento das taxas de juros e serviços, e o fim gradativo do papel social do banco”, alerta Rita Lima.
A partir do momento em que áreas estratégias da Caixa passarem para o modelo de economia mista, o banco deverá seguir a legislação dessa área, o que dificultará a adoção de medidas de intervenção na economia para fomentar o desenvolvimento social do país. “Mais do que nunca precisamos nos mobilizar e resistir a esse ataque. Este será um ano de muita luta em defesa da Caixa, um banco centenário, forte, altamente rentável e essencial para o desenvolvimento econômico e social do país”, destaca a diretora.
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