Presidente Nacional da Confederação Geral dos Trabalhadores Públicos e Privados (CGTP) do Chile, José Ortiz criticou a situação do sindicalismo latino-americano em sua fala durante o 1º Seminário Internacional da Intersindical, nesta quarta-feira (13). Para Ortíz, nas últimas décadas, parte do sindicalismo se restringiu às lutas econômicas, deixando de lado a politização de seus filiados. O resultado foi assistir às bases sindicais apoiando projetos de direita, como nas eleições recentes de Brasil e Chile: “votaram nos próprios carrascos”.
Na concepção de Ortiz, o papel do sindicato não se limita à defesa dos interesses de curto do prazo dos trabalhadores, mas também daqueles objetivos de longo alcance. Por isso, as entidades devem ser escolas de formação política e social para os filiados. “Os trabalhadores devem ser conscientizados para entender a luta de classes e disputar a hegemonia cultura e o poder nas sociedades”, sintetizou. Nesse sentido, lembrou do governo do “socialismo de empanadas e vinho tinto” de Salvador Allende (1970-1973), resultado das lutas sindicais e populares no Chile.
Ao caracterizar a conjuntura atual de retrocessos, o dirigente chileno destacou a ofensiva do imperialismo estadunidense, em especial com relação à Venezuela, que se “converteu na pedra do sapato dos “Estados Unidos”. “Donald Trump quer acabar com o sonho de Chávez, da construção da Patria Grande, com um novo golpe de estado, usando todas as ferramentas do sistema: sabotagens petroleira, alimentícia, elétrica, greves patronais, desabastecimento”, afirmou.
Ortiz também lembrou do golpe de 2016 no Brasil, da prisão de Lula e das tentativas de encarceramento de Cristina Kirchner e Rafael Correa. São sinais de que “o imperialismo não descansa”. “Querem sempre mais, querem se apropriar dos fundos de aposentadoria, privatizar saúde e educação, menos impostos aos lucros, acabar com as liberdades sindicais”.
Apesar disso, Ortiz disse que não há tempo para se lamentar e que o movimento sindical precisa retomar a iniciativa de enfrentamento à onda internacional de retrocessos. Para isso, segundo ele, a tarefa prioritária é a politização dos trabalhadores”.
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