Cerca de 40 mil trabalhadores tomaram as ruas de São Paulo nesta quinta-feira, 25, por moradia digna, contra o PL da terceirização, o ajuste fiscal e a ofensiva conservadora. A “Quinta-feira Vermelha”, como foi chamada, reuniu diversas entidades atuantes no campo da esquerda como a INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora, MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), UNEAfro, entre outras entidades sindicais, estudantis e de direitos humanos.
“O motivo da nossa manifestação hoje é para denunciar uma série de medidas que estão sendo votadas no Congresso Nacional, lá em Brasília” disse Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST. Para isso, o ato, que se concentrou no vão do MASP, na Avenida Paulista, tomou toda a via sentido Rua da Consolação com duas paradas programadas antes de chegar ao seu ponto final, no Largo da Batata, no bairro de Pinheiros.
A primeira parada, em frente ao prédio do Banco do Brasil, onde se localiza o escritório da Presidência da República em São Paulo, foi um recado ao Governo Federal por conta da série de medidas sob o eufemismo de Ajuste Fiscal que estão sendo adotadas e defendidas pela Presidenta Dilma Rousseff. Por meio das Medidas Provisórias (MP) 664 e 665, o Governo Federal já atacou o Seguro Desemprego e as pensões, por exemplo, e na última semana as aposentadorias também foram alvo por meio da progressividade incluída na MP 676, que institui a Fórmula 85/95.
A segunda parada foi em frente à Febraban (Federação Brasileira de Bancos), para denunciar os banqueiros, que têm batido recordes de lucro nos últimos anos e, ainda assim, prejudicam milhares de trabalhadores com seus juros exorbitantes, além de imporem precarizações e demissões aos trabalhadores bancários.
Outra medida que foi uma das prioridades das reivindicações desta noite é a PEC 171, que propõe a redução da maioridade penal para 16 anos. De acordo com Edson Carneiro ‘Índio’, Secretário Geral da INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora, “por meio da redução da maioridade penal, que não é para diminuir a violência ou combater o crime, estão tentando encarcerar nossos filhos. Estes mesmo que são privados da escola pública de qualidade, da cultura, do lazer e de toda a perspectiva de futuro”, disse.
“Estamos aqui, pois a direita está tentando impor as piores saídas para o povo brasileiro”, continuou. Desde que o atual congresso se constituiu, considerado o mais conservador desde a ditadura civil-militar, diversas pautas que prejudiciais àqueles que vivem do seu trabalho foram ou estão sendo aprovadas pelo atual Congresso. Na Câmara dos Deputados já foi aprovado o Projeto de Lei 4330, que possibilita a terceirização indiscriminada à todas as categorias.
Os trabalhadores também se manifestaram contra o financiamento empresarial de campanhas eleitorais, ou a chamada PEC da corrupção, proposta defendida pelo líder da Câmara, o Deputado de direita, Eduardo Cunha (PMDB).
De um modo geral, a manifestação desta quinta serviu para alertar a todos que o governo está mais uma vez penalizando milhões de trabalhadores com a conta da crise econômica. Não apenas por meio das novas regras editadas, mas também por meio de cortes no orçamento de educação e moradia, por exemplo.
“Também não aguentamos mais redução de direitos, precarização do trabalho, como o projeto das terceirizações indiscriminadas que já foi votado no Congresso Nacional”, disse Índio. Segundo ele, o PL 4330, nos últimos cinco anos, tem pautado o movimentos sindical e se mostra como o principal ataque aos direitos de toda a classe trabalhadora na atualidade e em comparação aos últimos 70 anos. “Caso este projeto seja aprovado, estamos certos de que será o fim da perspectiva para as gerações atuais, mas em maior intensidade, em relação às gerações futuras, de terem um emprego digno, com salário e condições mínimas para se viver”, alertou.
Diante desta conjuntura de crise, Índio deixa claro a necessidade de organização dos trabalhadores: “não podemos ter dúvida entre os trabalhadores. A saída para defender os direitos e o emprego dos trabalhadores, a moradia, a reforma agrária e para combater esta política econômica é a unidade dos trabalhadores, com mobilização e luta social”, completou.
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