Cinco lições que devemos tirar das eleiçoes de 2018

Cinco lições que devemos tirar das eleiçoes de 2018
Imagem: Comunicação da Intersindical
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A vitória de Bolsonaro nas eleições de 2018 sinaliza para um novo momento da vida política do país. Devemos extrair lições e nos organizar para os desafios que se avizinham.

Aqui, expomos alguns apontamentos nesta direção:

1 – O fascismo não é a solução para a crise, mas o momento mais trágico de sua existência. O fascismo triunfa sobre os escombros da esperança, da razão. Se aproveita da histeria social, da insegurança, do desemprego, do sentimento de derrota. Seu discurso se apropria da ideia de “barbárie” instalada e reproduzida o tempo todo nos meios de comunicação, se propõe a estabelecer uma “ordem”, também por métodos bárbaros. Para derrotar o fascismo será preciso que seu discurso seja desmentido por suas ações e evidenciado pelas forças democráticas. Será necessário um trabalho pedagógico para retirar cada parcela social de seu apoio.
Bolsonaro venceu as eleições porque aproveitou uma crise partidária sem precedentes. Não foi apenas a esquerda quem saiu derrotada, as grandes perdedoras nas urnas em 2018 foram as legendas de direita. A esquerda foi ao segundo turno, garantiu uma bancada importante no Congresso (senado e câmara) e ainda tem um reduto significativo no nordeste que não pode ser subestimado. O MDB e o PSDB, os partidos centrais da trama golpistas provaram do próprio veneno e perderam espaço. O que está em jogo agora é a construção de um novo arranjo partidário no Brasil, porque o que existia já está em colapso.

2 – O fascismo elegeu um presidente, possui uma bancada no Congresso, tem bases sociais significativas, mas pouco organizadas. Não possui lideranças (quadros médios) capazes de fazer funcionar um projeto de direção de toda a sociedade, algo que requer muito mais que um governo. As organizações da sociedade civil são numerosas, e podem ser um reduto a ser mobilizado para o processo de reconstrução de uma alternativa democrática.

3 – Mas o “Calcanhar de Aquiles” de Bolsonaro está no seu primarismo e pouco liberdade de ação no campo econômico. Sua agenda legislativa terá se ser ultraliberal para agradar seus apoiadores, mas isso tem um custo junto aos trabalhadores. Para isso, o que se espera é que seu governo apresente pautas conservadoras no campo dos costumes e dos direitos civis (que neste contexto possuem apelo de massas), para garantir sustentação para a agenda econômica. A alternativa para uma oposição democrática será desgastar o governo naquilo que lhe é mais sensível, ou seja, a pauta econômica, como por exemplo a Contra-reforma da Previdência, o desemprego, a decomposição dos direitos trabalhistas, etc. Não é razoável concentrar forças nos pontos fortes do programa fascista, mas sim nas suas fragilidades.

4 – Bolsonaro ganhou terreno porque soube explorar a tecnologia digital. Ela é o ponto de comunicação e estrutura de comando que vincula a liderança com sua base engajada e seus eleitorado em geral. Porém, a vantagem que ele tinha neste campo, em razão do déficit da própria esquerda, já pode ser revertida. Será preciso um esforço para mover as forças democráticas para o terreno das tecnologias digitais, ou seja, reinventar as formas de luta. Se este esforço acontecer, poderemos restabelecer um equilíbrio de forças, e condicionar a ação do governo fascista, ou degradar sua capacidade de legar plenamente a sua agenda.

5 – É possível vencer o fascismo. Mas para isso nossa capacidade crítica deve estar associada a um senso prática aguçado e uma vontade resoluta por aprender o que ainda não sabemos.

Texto: Pedro Otoni


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Alberto Tornaghi
5 anos atrás

A análise tem pontos interessantes, mas subestima uma questão central: a capilaridade do processo de comunicação da estrutura que apoiou Bolsonaro. A Vitória eleitoral da extrema direita não decorre apenas do isso das tecnologias digitais de comunicação. Essas funcionaram porque havia uma rede social de comunicação nem estabelecida. Essa rede não é suportada pelo WhatsApp, rede social que se cria nas igrejas que vem trabalhando de forma competente faz muitos anos para criar e mantê-la.
Neste sentido análise toca em outro Ponto Central. Trabalho a ser feito é pedagógico. Portanto um trabalho de longo prazo que não cabe no período de uma eleição. Ele precisa ser realizado no período de algumas vidas. Trabalho permanente e consistente.

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