Pouco mais da metade dos reajustes salariais em 2015 ultrapassou a variação da inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Apenas 52% dos reajustes salariais apresentaram ganhos, ficando acima da inflação medida pelo INPC1 , 30% foram em valor equivalente à variação do índice e 18% ficaram abaixo. O aumento real médio em 2015 foi de apenas 0,23%.
Foram analisados pelo Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS-DIEESE) os reajustes de 708 unidades de negociação da indústria, comércio e serviços em quase todo o território nacional.
Em 2014, 90,2% das negociações tinham resultado em ganhos acima da inflação. O estudo mostra ainda que, em um terço delas, o percentual de reajuste ficou igual ao da inflação e 18% tiveram a remuneração abaixo do INPC.
Pior resultado em 12 anos
Este foi o pior resultado em 12 anos. Desde 2004 não se observava um resultado tão desfavorável para os trabalhadores. Naquele ano, 54,9% resultaram em ganhos reais aos salários, 19% dos reajustes ficaram abaixo da inflação, 26% tiveram valor igual. A variação real média em 2004 foi de 0,61% acima da variação do INPC.
O levantamento aponta que os ganhos e perdas, em sua maioria, oscilaram em torno da inflação. Os ganhos até 1% foram registrados em 38% dos reajustes e, em 66% dos que ficaram abaixo da inflação, as perdas se situaram até 1%.
Inflação em alta
O estudo também aponta que, enquanto a inflação foi subindo, houve uma gradativa mudança no resultado das negociações. No início do segundo semestre, os reajustes com perdas salariais param de subir e ao mesmo tempo ganham força os reajustes com taxas iguais aos da inflação.
“Uma possível explicação para a deterioração dos reajustes salariais ao longo do ano pode ser encontrada no agravamento do quadro econômico nacional, principalmente, no que se refere ao comportamento do nível de atividade, da ocupação e da inflação”, aponta a justificativa técnica do Dieese.
O setor industrial foi que mais evidenciou os efeitos da crise. Só em 45% dos reajustes do setor ocorreram ganhos reais; em 36% os aumentos ficaram iguais ao da inflação; e em 19% houve perdas. Já no comércio, o aumento com ganhos atingiu 53% das negociações e os casos com perdas foram observados em 15%. As correções em taxa semelhante atingiram 32%.
Nos serviços, o quadro foi melhor com 62% das categorias estudadas obtendo ganhos reais; 18% tiveram perdas e 20% correções em índice igual ao da inflação.
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