A Intersindical Central da Classe Trabalhadora e outras entidades de defesa dos direitos trabalhistas fundaram na última segunda-feira (5) o Fórum Nacional de Combate à Precarização e Defesa dos Direitos Sociais, para debater e pensar em medidas contra o avanço da precarização no mundo do trabalho. A atividade inicial teve como motivação discutir a proposta que garante a supremacia de acordos coletivos sobre a legislação trabalhista – aprovada na semana passada.
A chamada prevalência do negociado sobre o legislado foi aprovada pela comissão mista (formada por deputados e senadores) que analisou a Medida Provisória 680/2015 (de criação do Programa de Proteção ao Emprego). O relator acolheu uma emenda estabelecendo negociação direta entre as partes prevalece sobre o que está disposto em lei.
“A prevalência da negociação sobre a lei representa o fim da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)”, alerta Alexandre Caso, representante da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora na mesa de debates.
A emenda, segundo ele, transforma a MP 680 numa proposta tão nociva à classe trabalhadora quanto o PLC 30/2015, que libera a terceirização e a quarteirização promovendo uma reforma trabalhista às avessas no país.
“Nem a ditadura militar teve o topete de aprovar o negociado sobre o legislado. Essa emenda é golpe. É o fim da CLT, que foi conquistada a duras penas pelo povo brasileiro. Não podemos aceitar calados, temos que mobilizar o Brasil inteiro”, afirmou o presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT/RS).
O presidente da Anamatra, o juiz Germano Siqueira, lembrou que o PPE propõe ainda diminuir em até 30% as horas de trabalho, com redução proporcional do salário pago pelo empregador. “A emenda é inconstitucional. Ou o Parlamento reconhece isso ou a discussão vai se resolver no Supremo Tribunal Federal”, disse o juiz.
A supremacia da negociação sobre a legislação foi aprovada por meio de emenda do deputado Daniel Vilela (PMDB-GO) depois de gerar polêmica na comissão mista.
Agora, a MP 680/2015 será votada no Plenário da Câmara e, posteriormente, no Senado.
A votação do relatório na comissão mista chegou a ser suspensa depois de embates entre os parlamentares.
Os integrantes das entidades que participaram da atividade na última segunda estão articulando uma reunião com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para que a emenda do deputado Vilela seja retirada do texto aprovado.
CARTA DE OUTUBRO – CONTRA A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO, EM DEFESA DOS DIREITOS SOCIAIS E PELA DERROCADA DO NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO
Brasília/DF, 6 de outubro de 2015.
FÓRUM NACIONAL DE COMBATE À PRECARIZAÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS SOCIAIS
CUT – Central Única dos Trabalhadores
UGT – União Geral dos Trabalhadores
NCST – Nova Central Sindical dos Trabalhadores
CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros
CSP CONLUTAS/GO – Central Sindical e Popular
INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora
FST – Fórum Sindical dos Trabalhadores
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO
ANAMATRA – Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho
ANPT – Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho
ALJT – Associação Latinoamericana de Juízes do Trabalho
ALAL – Associação Latinoamericana de Advogados Laboralistas
SINAIT – Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho
CSPB – Confederação dos Servidores Públicos do Brasil
CONTRICOM – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Construção e do Mobiliário
CONTRAF/CUT – Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
CONTRACS/CUT – Confederação Nacionais dos Trabalhadores em Comércio e Serviços
FISENGE – Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros
FITRATELP – Federação Interestadual dos Trabalhadores e Pesquisadores em Serviços de Telecomunicações
ANFIP – Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil
SINTTEL-DF – Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações
SENGE/MG – Sindicato dos Engenheiros
SINDISERVIÇOS-DF – Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio, Conservação, Trabalho Temporário, Prestação e Serviços Terceirizáveis
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