Segundo a coordenadora da Pastoral Operária da Paróquia Bom Jesus, Eni Maria de Almeida, a escolha do tema se deu em virtude da crise hídrica. “Nossos recursos hídricos estão acabando e não vemos por parte dos agentes políticos nenhuma iniciativa para reverter essa situação”, diz. O coordenador do Sindibancários explica o porquê da participação da entidade na marcha. “O Sindibancários participa como forma de dialogar com os trabalhadores da periferia, já que o ato acontece em uma região onde os moradores e moradoras pertencem, majoritariamente à classe trabalhadora, onde também há muitos desempregados e subempregados”, declara.
Sindibancários na XVI Marcha pela Vida e Cidadania. Fotos: Sérgio Cardoso
As denúncias feitas na marcha não se resumiram às questões ambientais. Durante o ato o Sindibancários simulou o enterro da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), com um caixão carregado por cinco pessoas que representavam os cinco deputados federais da bancada capixaba que votaram a favor do PL 4330: Lelo Coimbra (PMDB), Paulo Foletto (PSB), Carlos Manato (Solidariedade), Evair de Melo (PV) e Marcus Vicente (PP).
“É preciso lutar contra esse projeto de lei, cujo objetivo é arrancar da classe trabalhadora direitos conquistados com muita luta. A realidade dos terceirizados é de precarização. Muitas empresas terceirizadas fecham da noite para o dia e seus funcionários ficam a mercê da sorte. O PL 4330 não vai prejudicar somente quem já está no mercado de trabalho, mas também a juventude, pois os estudantes irão entrar posteriormente num mercado muito precarizado, que não garante direitos. Queremos, ainda, denunciar os deputados que votaram a favor do PL 4330, que querem enterrar nossas conquistas”, diz o diretor do Sindibancários e da Intersindical, Idelmar Casagrande.
Trabalhadores na luta contra o PL 4330, que regulamenta a terceirização irrestrita
Durante o trajeto foram feitas quatro paradas, nas quais foram destacadas algumas das reivindicações dos trabalhadores e trabalhadoras. A primeira foi na beira do Rio Formate, onde destacou-se a necessidade de revitalização do rio e seus afluentes. Nas outras paradas foram abordadas questões como a luta por políticas públicas e contra a privatização da saúde e a redução da maioridade penal, além de denunciar a falta de diálogo dos gestores públicos com a classe trabalhadora.
“Por meio da PEC 171, que reduz a maioridade penal, querem nos fazer acreditar que construir cadeias vai reduzir a criminalidade. O que precisamos é garantir direitos por meio da aplicação de políticas sociais, o que, no nosso estado, por exemplo, tem sido negado pelo governador Paulo Hartung, que cortou recursos em áreas como cultura e saúde”, defende o integrante do Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes), Lula Rocha.
A professora Sidinéia Imaculada, moradora do bairro Marcílio de Noronha, compareceu à marcha com o marido e os filhos. “O que me motiva a estar aqui é a vontade de fazer com que em nosso país haja garantia de direitos para todos, é a indignação, a vontade de gritar contra a opressão que a gente vive”, afirma Sidinéia.
A marcha contou com a participação da banda de congo do distrito de Araçatiba, em Viana.
Comentários