Frente de Luta das Oposições do magistério Paranaense lança Manifesto contra o ensino remoto

Frente de Luta das Oposições
Imagem: Comunicação da Intersindical
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Manifesto defende a continuidade do trabalho remoto, porém com atividades voltadas unicamente para reforço escolar e revisão de conteúdos

A Frente de Luta das Oposições dos trabalhadores e trabalhadoras da educação da Rede pública Estadual do Paraná lançou, no início desse mês, um Manifesto se colocando contrários ao ensino remoto imposto pelo governo estadual.

Todo o modelo foi firmado com dispensa de licitação e resultou na transferência de R$ 20,9 milhões para contratação de dados de empresas de telefonia celular. Outros quase 4 milhões, foram dados à RIC TV, afiliada da TV Record, para transmitir as vídeo aulas. Porém, como o sinal da RIC não chega a todo o Paraná, alunos de 114 municípios estão sem acesso às vídeo aulas.

É uma verdadeira farra com o dinheiro público. O Estado do Paraná conta com empresas públicas nas três áreas requeridas para implantar as aulas remotas. A TV Educativa tem seu sinal repercutido em todas as cidades do Estado. A CELEPAR – Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná, também pública, é responsável por toda a operação, desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação e comunicação do Estado. A Copel Telecom, considerada uma das melhores empresas de banda larga do país, também foi descartada.

No manifesto, a Frente denuncia essa submissão da Educação Pública aos interesses do empresariado e o papel de desmonte da educação que o secretário da Educação, que chegou a ser cotado para assumir o MEC, tem representado.

A Frente denuncia, também, que o modelo implementado “tem levado milhares de professores/as ao cansaço, com sobrecarga de trabalho imposta por regras que mudam dia após dia para reforçar o caráter burocrático que as atividades remotas vêm cumprindo, em nome de uma falsa aprendizagem”.

Em outro trecho, o documento alerta para o constante assédio moral e o risco de vida que ao qual estão expostos diante de convocações para comparecer à escola: “Além disso, a todo instante, temos nossa privacidade invadida com mensagens sendo enviadas fora do nosso horário de trabalho, inclusive nos finais de semana. Não há descanso! Se não bastasse isso, nossas vidas são postas em risco com constantes convocações para comparecermos às escolas, mesmo no atual estágio de superlotação das UTIs, quebrando o isolamento social e nos deixando a mercê da pandemia que a cada dia ceifa mais e mais vidas”.

O Manifesto traz, ainda, uma análise bastante pertinente do que significa a imposição da EaD e das tecnologias de informação e comunicação na Educação Básica: “a imposição da EaD (ou aulas remotas) é um projeto de destruição da Escola Pública, um ataque a formação integral de nossos estudantes e um caminho sem volta para o desemprego e intensificação da precarização das condições de trabalho. A precarização do nosso trabalho faz parte de um projeto como já se vivencia em alguns estados com professor horista, trabalho intermitente (só recebe se entrar em sala e só entra em sala se algum/a professor/a de qualquer disciplina faltar), ou terceirização, todas possibilidades reais que se abrem ao capital na degradação do trabalho, que terá um impacto político violento na desconfiguração da Escola Pública”.

O texto reflete alguns dos impactos do ensino remoto sobre os estudantes como o excesso de horas em frente ao computador ou celular, acompanhadas de sentimentos de angústia, irritação, ansiedade, situação que tem levado alguns estudantes a desistirem do ano letivo. “O excesso de atividades, a ausência de interação, dificuldades para tirar dúvidas, horas em demasia em frente a uma tela, conteúdos em excesso logo seguidos por outros, impedindo a compreensão, são algumas das reclamações mais constantes dos alunos. O mais grave é que isso vem acompanhado de sentimentos de angústia, irritação, cansaço, ansiedade e quadros de depressão, levando alguns a desistência”.

Todo esse quadro é agravado por um verdadeiro apagão pelo qual a Educação Pública do Paraná vem passando. De acordo com o Manifesto: “em 2018, 89 mil alunos abandonaram as salas de aula no Paraná. No mesmo ano, o Estado tinha 14,8% de adolescentes entre 15 e 17 anos fora da escola, a quarta pior colocação do Brasil. Envolvido em corrupção e desvio de dinheiro público, os dois últimos anos do Governo Beto Richa viram aumentar o número de analfabetos no estado em 13%, afetando a vida de 454.491 pessoas, registrando o maior aumento do país em números absolutos”.

Entre os pontos defendidos pela Frente de Lutas, estão:

Continuidade do trabalho remoto com atividades voltadas unicamente para reforço escolar e revisão de conteúdos. Nenhum conteúdo novo deve ser ministrado pelas plataformas digitais tendo em vista a baixíssima participação dos alunos”;

Reorganização do calendário escolar após o retorno às aulas presenciais com ampla discussão pela comunidade escolar e com ciência do Conselho Escolar; Que a comunidade escolar decida o que é melhor para ela”;

Manutenção e prorrogação dos contratos dos/as professores/as e funcionários/as PSS – Nenhuma demissão dos/as trabalhadores/as da Educação – Que a ALEP aprove projeto de lei que garanta a manutenção dos contratos do/as professores/as e funcionários/as PSS”;

Acesso o manifesto da Frente de Luta das Oposições do Magistério paranaense no link

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