Uma tragédia de proporções incalculáveis chama a atenção do Brasil e do mundo. O tsunami de lama tóxica, consequência do rompimento de duas barragens da Samarco Mineração, no último dia 5 de novembro, destruiu a vila de Bento Rodrigues e atingiu outros cinco subdistritos: Águas Claras, Paracatu, Pedras, Fonte do Gama e Camargos. A lama já avançou um raio de mais de 100km e deixa de prontidão outras 15 cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo, que são abastecidas pela bacia do Rio Doce.
Segundo avaliação do serviço geológico do Brasil, do Ministério de Minas e Energia, há risco de enchente e desabastecimento de água em toda a região.
Para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), esta tragédia tem culpados e as empresas responsáveis Samarco Mineração S.A, empresa controlada pelos grupos Vale e BHP Billiton, devem ser responsabilizadas.
“Ao longo da história de luta das populações atingidas por barragens, sabemos como é lidar com estas empresas, ou seja, o método é negar direitos, desrespeitar a vida. Frente a isso, temos uma grande tarefa, prestar toda solidariedade às vítimas, mas acima de tudo, impulsionar um processo de luta e organização das famílias atingidas, para exigir das empresas a garantia de direitos, ao mesmo tempo exigir medidas para que outros casos iguais a estes não venham a ocorrer”, disse o MAB em nota.
A negligência em nome do lucro resultou no rompimento de duas barragens controladas pelas gigantes globais da mineração, causando um desastre de proporções incalculáveis na região de Mariana, região central de Minas Gerais.
Um vídeo que circula pela internet mostra policiais informando a população local sobre o risco de uma terceira barragem, a de Germano, também se romper, pois estaria trincada. A mineradora nega a informação, mas curiosamente, o acesso dos jornalistas a Bento Rodrigues foi fechado, as buscas por sobreviventes foram interrompidas, a polícia e as equipes de resgate passaram a trabalhar nos lugares mais altos.
Contaminação
A onda de lama contaminada com mercúrio, arsênio e ferro arrasou a comunidade de Bento Rodrigues, que tinha cerca de 600 moradores. Segundo especialistas, ela foi varrida do mapa. Cerca de 30 trabalhadores estavam no local na hora do rompimento. Até o momento apenas 6 corpos foram encontrados, mas o número de desaparecidos ultrapassa 100, incluindo crianças. Cerca de 500 foram resgatadas.
A lama chegou ao Rio do Carmo atingindo moradores a 70 km de Mariana e já está próxima a barragem de Candonga, no início do Rio Doce.
O MAB denuncia que não havia nenhum mecanismo de aviso e socorro à população, como exigido em lei.
Enquanto isso a empresa se orgulha em seu website de ter fornecido até às 9h de quarta-feira, 11 de novembro, 637 pessoas – representando 185 famílias – que já foram alocadas em hotéis e pousadas da região. E ainda tem a coragem de ressaltar o fornecimento dos míseros 600 kits de emergência (com colchões, lençóis, toalhas, cobertores e materiais de higiene pessoal), 2 mil cestas básicas, 5 mil lanches e 48 mil litros de água.
A Intersindical Central da Classe Trabalhadora se solidariza com a dor de comunidades inteiras da região de Mariana por suas incalculáveis perdas humanas e materiais. Não há como restaurar as vidas perdidas no desastre, as moradias, os animais, o meio ambiente, a contaminação do solo e dos lençóis freáticos.
Por isso exigimos respeito aos direitos das famílias atingidas e reparação aos trabalhadores que produzem a riqueza da Samarco Mineração, empresa que apenas em 2014 lucrou mais de R$2 bilhões.
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