Mais de 300 pessoas passaram pelo sindicato dos professores de São Paulo (Apeoesp) para manifestar seu apoio à luta do povo venezuelano por paz e soberania nacional na noite desta quarta-feira (13). O evento foi organizado pela Intersindical, em parceria com a frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, e teve a participação de dezenas de organizações socais, políticas e sindicais de 11 países distintos.
Veja abaixo um resumo das 26 intervenções:
A diretora da Intersindical Heloisa Pereira abriu o ato lembrando da responsabilidade de converter os debates em ações concretas para impedir que o Brasil e qualquer país latino-americano embarquem em uma possível externa à Venezuela patrocinada pelo imperialismo estadunidense.
Carmela Sifuentes, da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru, reconheceu que a situação latino-americana, mas não é impossível revertê-la. Ao encerrar sua participação, lembrou do internacionalismo de Karl Marx: “trabalhadores do mundo, uni-vos”.
Dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Paulo, expôs que, para o movimento, a batalha pela paz na Venezuela é uma das mais importantes da luta de classes dos últimos anos. “Fazer a defesa da Venezuela é defender nosso continente. Não podemos ter dúvida sobre isso”, enfatizou.
O argentino Sergio González, representando a Federação Social Mundial (FSM), chamou atenção para as bases militares estadunidenses que se espalham pela América Latina, estrategicamente posicionada em locais ricos em recursos naturais e energéticos. “Depois da Venezuela, eles vêm atrás de nós, dos nossos recursos”, alarmou.
Para o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, há uma parte da esquerda que está com medo do tema da Venezuela, mas “não podemos ter medo em nenhum quando se trata da defesa da autodeterminação dos povos”. Medeiros afirmou ainda que a Venezuela é “laboratório da nova onda de intervenções imperialistas, com sabotagem econômica e terrorismo midiático”.
Húbert Ballesteros, sindicalista colombiano, falou que o que acontece em Venezuela nos leva a 200 anos atrás. “Representa o estandarte da luta anticolonizadora. Como disse Bolívar há 200 anos, a liberdade a Venezuela é necessária para liberdade de toda a América. Hoje esta frase mantém sua vigência”.
José Reinaldo, do Cebrapaz, destacou que o imperialismo visa não somente o “controle das imensas riquezas energéticas da Venezuela”, mas também “derrocar a principal experiência contemporânea baseada na soberania nacional e na soberania popular”. Reinaldo lembrou também que, em 1964, o exército brasileiro foi usado como “carne de cão” na intervenção à República Dominicana e essa história não pode ser repetida.
Representando o MTST e a Frente Povo Sem Medo, Ana Santana contou que o movimento tem se esforçado para debater a ação imperialista na Venezuela nas periferias onde atua. “Cabe a nós, enquanto movimento social e frente de luta, encampar a luta pela soberania do povo venezuelano em todos os espaços”.
O cubano Ismael Drullet, da Central dos Trabalhadores Cubanos, afirmou que seu país mantém “respaldo permanente ao presidente Nicolás Maduro”. “A Revolução Cubana é irmã da Revolução Bolivariana. Somos governos irmãos e povos irmãos. Invadir a Venezuela é invadir Cuba e toda América Latina”, defendeu.
Nivaldo Santana falou em nome do PCdoB. Para ele, o governo estadunidense foi quem provocou o colapso no fornecimento de energia elétrica na Venezuela e “adota conjunto de medidas que têm objetivo de liquidar com a experiencia vitoriosa da Revolução Bolivariana”.
Em nome da Central dos Movimentos Populares (CMP), Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, que tem nacionalidade venezuelana, afirmou que “a Venezuela tem a maior democracia que já vivi na minha vida” e lutar contra o imperialismo é “valorizar o direito à vida” do povo do país vizinho.
Vindo do Chile, o dirigente sindical Christian Cuevas, lembrou que o imperialismo provocou o “horror das ditaduras na América Latina” nas décadas de 1960 e 1970 e a luta pela paz na Venezuela significa resistir para que isso não aconteça novamente.
Francisvaldo Mendes, da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, denunciou o opositor Juan Guaidó “como um fantoche dos EUA, assim como Bolsonaro é um fantoche dos EUA no Brasil”.
Para Valério Arcary, do agrupamento Resistência, o conflito na Venezuela é entre independência nacional e recolonização.
O representante da Central dos Trabalhadores do Equador Édgar Sarango lembrou do legado dos presidentes revolucionários da América Latina. “Viva Chávez e viva Fidel!”, saudou.
Julio Turra, da CUT, defendeu que o centro da atuação de solidariedade internacional à Venezuela é a bandeira da paz. “Não à guerra e não à intervenção, independentemente da opinião sobre o governo”, declarou.
Edmilson Costa disse, em nome do PCB, que a solidariedade deve se intensificar pois a ingerência imperialista ainda não foi vencida. Ele lembrou que os Estados Unidos podem utilizar grupos mercenários para desestabilizar o país, como foi na Síria.
Miguel Ruiz, da Central Sandinista Trabalhadores de Nicarágua, contou que seu país viveu tudo o que agora vive a Venezuela. “Fomos jovens à guerra para derrubar a ditadura de Somoza e depois defender nossa revolução, com mais de 100 mil mortos”. Lembrou ainda que “quando a Nicarágua não tinha energia, Hugo Chávez instalou duas plantas elétricas no país”.
Carlos Muller recordou, pela CTB, do artigo 4º da Constituição Federal do Brasil, que consagra nossa política internacional de diálogo e não intervenção externa.
Erubey Villareal, do Panamá, destacou o papel da “guerra midiática” na ofensiva contra a Venezuela e os demais países governados por forças progressistas.
Paola Estrada, da ALBA Movimentos, considerou que “este ato demonstra que cada vez mais os movimentos têm se dado conta da importância da bandeira da paz da Venezuela”. Estrada disse que o desafio urgente agora é “espalhar atividades como essa por todo Brasil e mundo para contrapor o discurso hegemônico sobre o que está acontecendo”. Ela lembrou ainda que a Revolução Bolivariana é referência para toda uma geração de jovens militantes por suas profundas mudanças sociais e do protagonismo popular.
O uruguaio Marcos Lombardi sustentou que “os Estados Unidos estão acostumados a saquear nações e colocar fantoches no poder, mas no caso da Venezuela a intervenção representa também a tentativa de derrubar um governo sustentado pelos trabalhadores”. Por fim, defendeu que o movimento sindical deve assumir a bandeira de “lutar pela segunda independência” de nossos países.
Para o professor Gilberto Maringoni, da UFABC, a crise atual na Venezuela se compara apenas à “crise dos mísseis”, que envolveu Cuba durante a Guerra Fria.
O venezuelano Hector Melena fechou o ato representando o Comitê Brasileiro Pela Paz na Venezuela. Ele elogiou a organização do evento e afirmou que o ato o enche de esperança na luta pela paz de seu país.
Texto: Matheus Lobo
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