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Pelo cessar-fogo na Ucrânia: a diplomacia e o entendimento é o caminho da paz

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Nota política das Relações Internacionais da Intersindical

A classe trabalhadora em todo mundo não pode compreender a geopolítica de forma inocente ou subordinada aos conceitos, categorias e à ideologia das classes dominantes.

As análises do conflito em curso na Ucrânia demonstram que além do enfrentamento bélico localizado, existe uma guerra de informações em escala global, na qual as grandes corporações midiáticas ocidentais, alinhadas com o imperialismo, procuram disseminar preconceitos e uma visão hipócrita e distorcida sobre os graves acontecimentos no Leste Europeu.

Diante disso, as organizações classistas devem utilizar sua própria forma de compreender a realidade a fim de se posicionar de maneira consequente perante o cenário atual, no qual a guerra na Ucrânia é mais um triste capítulo.

Na década de 80, os governos Reagan (EUA) e Gorbachev (URSS) estabeleceram uma agenda diplomática com o objetivo de colocar fim à Guerra Fria. Tal esforço resultou em acordos como o Tratado INF, que previa o desarmamento nuclear gradativo, a eliminação de mísseis de curto e intermediário alcance, além do compromisso de não adesão de novos membros da OTAN entre os países que faziam parte do bloco socialista e repúblicas da ex-URSS.

Com o fim da União Soviética – que se comportava como um contrapeso geopolítico importante e uma contenção às pretensões imperialistas ocidentais – a bipolaridade nas relações internacionais se desfez; os Estados Unidos se viram livres para impor ao mundo sua hegemonia.

A OTAN, sob a liderança ianque, já na década de 90, rompeu, na prática, os acordos Reagan-Gorbachev. A chamada Guerra nos Balcãs (1991-1999), é um marco desta violação, no qual as forças da OTAN bombardearam a Iugoslávia, treinaram e armaram milícias étnicas e religiosas com vistas a promover a fragmentação do país em pequenos territórios independentes, muitos deles completamente artificiais. Objetivo que acabou por ser alcançado com o custo alto de milhares de vidas civis.

Desde então, a OTAN praticamente dobrou o número de membros, inclusive agregando 14 nações anteriormente pertencentes ao bloco socialista.

Em 20 de outubro de 2018, sob a administração de Donald Trump, os EUA se retiram do Tratado INF, rompendo formalmente com os acordos do fim da Guerra Fria.

Ainda como consequência do fim da URSS e do Bloco Socialista, a ONU perde o que lhe restou de autoridade na manutenção da paz frente à escalada militar cada vez mais brutal dos EUA e dos seus parceiros sobre nações sem alinhamento imediato com Washington.

Unilateralmente, a Casa Branca passa a decidir sobre a mudança de regime em qualquer parte do mundo, seja por meio da invasão direta, como no caso do Iraque e Afeganistão; seja na promoção de conflitos civis, paramilitares e golpes, utilizando a estratégia de guerra híbrida e as chamadas “revoluções coloridas”.

Esta abordagem “híbrida” dos conflitos foi o carro chefe da política norte-americana nas últimas duas décadas, com a promoção de golpes (alguns sem êxito) em todas as partes do mundo. Venezuela (2002), Honduras (2009), Líbia (2011), Síria (2011),

Paraguai (2012), Ucrânia (2014), Iêmen (2015), Brasil (2016), Nicarágua (2018), China

(Hong Kong) (2019), Bolívia (2019), Bielorrússia (2020), Cuba (2021), Cazaquistão (2022) são exemplos entre tantos outros que comprovam que a verdadeira ameaça à paz mundial encontra-se na OTAN, no Pentágono e na CIA.

É possível compreender que o conflito em curso na Ucrânia não é um acontecimento isolado, é consequência direta das pretensões imperialistas dos Estados Unidos sob a Eurásia; atitude que merece o repúdio de todos os povos do mundo.

A cadeia de acontecimentos que explicam o contexto dos ataques da Rússia à vizinha Ucrânia é de fundamental importância para a busca da paz.

Em 2014, a CIA articula grupos pró-União Europeia e milícias nazistas (como o Batalhão Azov) em um conjunto de ações de sabotagem articulado com protestos na Praça Maidan, em Kiev, que levou à destituição do presidente eleito Viktor Yanukovytch.

Os alvos da violência das milícias nazistas ucranianas não se restringiu às forças de segurança pública, mas também aos ucranianos de cultura e língua russas e membros de organizações de trabalhadores; como ficou tristemente comprovado no Massacre na Casa dos Sindicatos de Odessa, em 2 de maio de 2014, resultando na morte de 42 pessoas.

Desde então, a Ucrânia é um país comandado por um governo títere da OTAN, que tem utilizado de milícias nazistas, incorporadas ao seu Ministério do Interior, para o trabalho de genocídio contra lideranças sindicais, populares e comunidades de identidade russa, em especial nas províncias fronteiriças à Rússia, Lugansk e Donestk, o chamado Donbass. .

As tratativas entre os EUA e o governo fascista de Vladimir Zelensky para a incorporação da Ucrânia à OTAN e o retorno de operações militares do governo de Kiev contra o Donbass, significou o rompimento do Acordo de Minsk, que estabeleceu os termos do cessar-fogo entre as partes beligerantes e o retorno de relações diplomáticas com Moscou.

A adesão da Ucrânia à OTAN, uma organização militar imperialista, é uma ameaça real para a segurança da Rússia, Bielorussia e as organizações políticas e sindicais de trabalhadores ucranianos e de todo Leste Europeu. O imperialismo é um condicionante da luta de classes no interior de cada nação, e seu fomento às organizações e milícias fascistas é um risco grave para a classe trabalhadora. .

A Intersindical Central da Classe Trabalhadora, entidade filiada à Federação Sindical Mundial – FSM, se posiciona a favor da paz e da diplomacia, pelo cessar-fogo imediato entre Ucrânia e Rússia, e pelo cumprimento dos termos estabelecidos no Acordo de Minsk.

São Paulo, 27 de fevereiro de 2022

Ricardo Saraiva Big
Secretário de Relações Internacionais

Edson Carneiro Índio
Secretário Geral

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