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Por todo o país, milhares aderem à luta em defesa da Previdência

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A resistência contra a “deforma da Previdência”, do governo Bolsonaro, começou a encorpar desde a última sexta-feira (22), com as mobilizações nacionais em defesa da aposentadoria. Foi um dia inteiro de atividades, com paralisações, panfletagens e atos de rua, marcando o primeiro protesto nacional contra a PEC, que foi apresentada em 20 de fevereiro. Em São Paulo, a avenida Paulista reuniu 70 mil pessoas; no Rio de Janeiro e em Fortaleza, outras 30 mil em cada.

Na capital paulista, a mobilização começou ainda na madrugada. Os motoristas e cobradores de ônibus cruzaram os braços por duas horas, entre 3h30 e 5h30 da manhã. Cerca de 5 mil trabalhadores se reuniram em assembleia para rechaçar a reforma da Previdência. Pouco depois, às 7h, em São Bernardo do Campo, metalúrgicos se concentraram em frente à fábrica da Ford que teve seu fechamento anunciado e caminharam até o centro da cidade. Além dos operários do setor, participaram outras categorias e movimentos. O secretário-geral da Intersindical, Edson Carneiro Índio, participou das duas atividades, levando o apoio e a solidariedade da Central. 

Na grande São Paulo, o Sindicato dos Químicos Unificados, filiado à Intersindical, paralisou empresas, realizou assembleias e participou dos atos. Em Cotia, o Sindicato e os trabalhadores do setor farmacêutico pararam, em assembleia, e depois se dirigiram ao centro de Osasco para à mobilização geral. Em Campinas, operários químicos do Unificados participaram de manifestação, à tarde, junto com professores, trabalhadores dos Correios, eletricitários, servidores municipais e movimentos populares.

À tarde, professoras e professoras da rede estadual se organizaram em assembleia no centro de São Paulo, com forte adesão da categoria. Trabalhadores químicos, bancários, servidores públicos, entre outros setores, também fizeram paralisações parciais e panfletagens com as bases e a população em geral. 

A partir das 17h, todos os caminhos levavam à avenida Paulista. Reunindo milhares de trabalhadores sem-teto, o MTST se concentrou na Praça do Ciclista, junto com as demais organizações da Frente Povo Sem Medo, incluindo a Intersindical (fotos). Aos poucos, cerca de 70 mil pessoas tomaram a principal avenida da cidade. 

Em frente ao MASP, falaram representantes das centrais sindicais e dos movimentos populares. “Não temos dúvida. O povo brasileiro não aceita abrir mão da aposentadoria e dos benefícios da Previdência, para entregar esse patrimônio à banqueirada sanguessuga da nação”, falou Índio. Guilherme Boulos, coordenador do MTST, disse que o Brasil vai parar se a reforma avançar no Congresso.”Dizem que, se não fizer reforma, a Previdência vai falir. Nós queremos perguntar por que não fazem reforma cobrando dívida das grandes empresas com o INSS, por que não fazem reforma acabando com as desonerações fiscais, por que não financiam a Seguridade Social cobrando imposto de banco e taxando grandes fortunas, fazendo o andar de cima pagar a conta?”, questionou em seu discurso.

Foco no diálogo com o povo

Na avaliação de Índio, considerando que a PEC de Bolsonaro foi apresentada às vésperas do Carnaval, o comparecimento aos atos de sexta-feira foram uma “resposta bastante importante e demonstra que, a medida que a população vai conhecendo o projeto, aumenta o processo de resistência e mobilização”.

Para ele, o desafio agora é intensificar o diálogo com o povo, até se formar uma grande maioria contrária à reforma. Nesse sentido, a dificuldade do governo em montar uma base parlamentar favorável à PEC pode ser aproveitada para mostrar ao povo a quem realmente interessa o projeto.

“Há uma ofensiva brutal do capital financeiro pela aprovação da ‘deforma da previdência’ e de outras medidas de desmonte do Estado e redução do valor do trabalho. A luta pelo direito à aposentadoria é importante também para resistir a outros ataques e defender a democracia, o direito de organização dos trabalhadores, a garantia de empregos com direitos”, define Índio.


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