O protesto teve cartazes e faixas, as participantes fizeram discursos contra qualquer tipo de assédio e pediram punição para o crime. Todas as funcionárias receberam um botão de rosa das diretoras do Sindicato, que estão de olho para coibir e punir a prática de assédio
A diretoria do Sindicato dos Bancários de Santos e Região em conjunto com os funcionários(as) da Caixa Econômica Federal organizaram ato, às 10h, desta sexta-feira (1/7), na agência da Av. São Francisco, 172, em Santos/SP, contra os assédios moral e sexual praticados pelo ex-presidente do banco público, Pedro Guimarães, conforme foi revelado pelo portal Metrópoles e alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF).
O protesto teve cartazes e faixas, as participantes fizeram discursos contra qualquer tipo de assédio e pediram punição para o crime. Todas as funcionárias receberam um botão de rosa das organizadoras do ato e da diretoria do Sindicato.
“Não basta demitir, exigimos punição porque qualquer tipo de assédio é crime, no caso de Pedro Guimarães, conforme relatos, ele praticava tanto o moral como o sexual dentro e fora do banco. As denúncias de mulheres que sofrem violência são escandalosas. Ontem foi a procuradora espancada, hoje as bancárias da Caixa que sofrem assédio sexual e moral. Conforme o blog de Valdo Cruz, no G1, o palácio do Planalto sabia de tudo e não fez nada. Temos o dever de combater a misoginia, o machismo estrutural nos bancos e na sociedade em geral”, explica Eneida Koury, secretária de Finanças do sindicato de Santos e Região.
O Grupo Feminista “Maria Vai com as Outras” esteve presente apoiando o ato. Na ocasião, uma das coordenadoras do Grupo, Dida Dias, fez uso da palavra para condenar a violência contra as mulheres, principalmente neste governo.
Guimarães pediu exoneração dia 29, mas conforme o noticiário não queria sair. Os casos de assédio teriam ocorrido em situações em que funcionárias viajavam com o ex-presidente da Caixa, por determinação dele. As depoentes dizem que chamar mulheres que despertavam interesse no presidente da Caixa para ir a vários lugares do Brasil, supostamente a trabalho, era uma conduta cotidiana na agenda do bolsonarista.
Os depoimentos são alarmantes. As cinco vítimas relatam toques em partes íntimas sem consentimento, falas e abordagens inconvenientes e convites incomuns e desrespeitosos, incompatíveis com a relação entre o presidente do maior banco público do país e suas empregadas.
A maior parte dos testemunhos está ligada a atividades do programa Caixa Mais Brasil, realizadas em vários locais de todas as regiões do país. O programa acumula, desde 2019, mais de 140 viagens, a maioria aos finais de semana, em que estavam Pedro Guimarães e equipe. Nesses eventos profissionais, todos ficam hospedados no mesmo hotel, ocasião em que ocorria o assédio.
Os casos de assédio teriam ocorrido em situações em que funcionárias viajavam com Pedro Guimarães por determinação dele. As depoentes dizem que chamar mulheres que despertavam interesse no presidente da Caixa para ir a vários lugares do Brasil, supostamente a trabalho, era uma conduta cotidiana na agenda do bolsonarista.
A reportagem do Metrópoles diz que conseguiu contato e entrevista com cinco das mulheres que acusam Guimarães e os depoimentos delas são fortes e contundentes. Embora elas tenham sido nomeadas na matéria original, presumivelmente com identificações fictícias, a Fórum optou por não caracterizá-las de forma alguma. Veja trechos das acusações:
“É comum ele pegar na cintura, pegar no pescoço. Já aconteceu comigo e com várias colegas. Ele trata as mulheres que estão perto como se fossem dele. Ele já tentou várias vezes avançar o sinal comigo. É uma pessoa que não sabe escutar não. Quando escuta, vira a cara e passa a ignorar. Quando me encontrava, nem me cumprimentava mais”, contou uma das depoentes sobre a conduta geral do presidente da Caixa.
“Tem um padrão. Mulher bonita é sempre escolhida para viajar. Ele convida para as viagens as mulheres que acha interessantes”, falou outra funcionária sobre as “preferências” inconvenientes do economista.
“Ele me chamou para ir para sauna com ele. Perguntou: ‘Você gosta de sauna?’. Eu disse: ‘Presidente, eu não gosto’. Se eu tivesse respondido que gosto, ele daria prosseguimento à conversa. De que forma eu falo não? Então, eu tenho que falar que não gosto. É humilhante. Ele constrange. Ele praticamente nunca tinha me visto antes. Eu falei que não ia”, disse uma bancária que o acusa de ter dado um beliscão em seu corpo e de tê-la chamado para nadar, sem sequer conhecê-la.
“Ele parecia um boto, se exibindo. Era uma espécie de dança do acasalamento”, revelou outra servidora da Caixa, dizendo que escutou de um de seus auxiliares a seguinte pergunta: “E se o presidente quiser transar com você?”
“Ele pede carregador de celular, sal de fruta, remédios”, falou uma das mulheres que acusam Guimarães sobre o hábito dele de aparecer no quarto delas, nos hotéis, durante viagens.
“Ele falou assim: ‘Vai lá, toma um banho e vem aqui depois para a gente conversar sobre sua carreira’. Não entendi. Na porta do quarto dele. Ele do lado de dentro e eu um metro para fora. Falei assim: ‘Depois a gente conversa, presidente’. Achei aquilo um absurdo. Não ia entrar no quarto dele. Fui para meu quarto e entrei em pânico”, narrou uma funcionária sobre o suposto assédio aberto.
“Ele abriu a porta com um short, parecia que estava sem cueca. Não estava decente. A sensação que tinha era que estava sem cueca. Muito ruim a sensação”, contou uma das denunciantes sobre uma das investidas que sofreu num hotel.
“Tenho pânico de ter que trabalhar com ele. Tenho medo da pessoa. Agora eu tento literalmente me esconder nas agendas. Agora, quando viajo, coloco cadeira na porta do quarto. Fico com medo de alguém bater”, disse uma funcionária que afirma também ter sido assediada.
Guimarães trabalhou em muitas instituições bancárias desde que ingressou no mercado e em 2004 ele foi demitido do Santander, o titã espanhol das finanças. As versões sobre o real motivo do desligamento divergem, mas um episódio também de assédio sexual teria ocorrido pouco tempo antes de Guimarães ser mandado embora e igualmente gerou escândalo à época.
Segundo relatos de funcionários do Santander que atuavam na empresa naquele período, em conversas com a jornalista Malu Gaspar, do diário carioca O Globo, numa festa de fim de ano dos trabalhadores do grupo bancário, Pedro Guimarães teria tentado beijar à força, na presença de várias pessoas, uma colega de trabalho que seria sua subordinada. Versões relatadas por outros meios de comunicação dizem que a mulher inclusive teria ficado com ferimentos por resistir aos abusos, embora não tenham dito de qual natureza.
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