A manhã do segundo e último dia do Seminário Internacional da Intersindical começou com a mesa sobre a conjuntura latino-americana no mundo do trabalho. Para falar sobre o momento atual de seu país, o sindicalista panamenho Erubey Villarreal remontou as mudanças sociais e econômicas impostas pelo governo estadunidense após a invasão do Canal do Panamá em 1989.
O custo da “ajuda humanitária” norte-americana, expõe Villareal, foi a flexibilização trabalhista, redução do papel do Estado na economia, privatização de serviços e abertura comercial às transnacionais.
Villarreal alertou que os números que indicam crescimento econômico escondem o aprofundamento da desigualdade do país, que se converteu um mero “centro logístico” das Américas, onde 85% dos trabalhadores estão alocadas em serviços manuais, na maioria relacionados à movimentação de carga.
Segundo o sindicalista, neste processo, a indústria panamenha desapareceu “pela raiz”, sendo substituída pela importação de produtos de outros países.
Quanto à legislação trabalhista, Villarreal destacou o crescimento da informalidade e dos contratos individuais, que fazem diminuir a cobertura da seguridade social e a massa salarial. Além disso, as mudanças trabalhistas impostas desde 1989 impactaram em leis especiais para setores trabalhistas que perderam direito à greve e até à sindicalização em alguns casos.
No Panamá, conforme repasse do expositor, também se discute uma reforma regressiva das aposentadorias. A proposta é de aumentar a idade mínima para 67 anos, tanto para homens quanto mulheres. Villarreal ainda deu especial destaque à situação da educação em seu país. Segundo ele, não há interesse do governo em educar a população, já que a maioria dos postos de serviços não exigem escritura e leitura. “Preferem a população ignorante e submissa”, sentenciou.
Texto: Matheus Lobo
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