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As mulheres sempre estiveram à frente das lutas por igualdade de direitos, por uma vida sem violência, e em defesa do direito de decidir sobre seu corpo. Isso é o feminismo: a ação coletiva das mulheres para transformar suas vidas e o mundo.
Essa vontade de mudar a vida não é só das brasileiras. No mundo todo o feminismo está nas ruas para denunciar o aumento da violência contra as mulheres e os governos que são contrários aos seus direitos. A campanha NiUnaMenos e a proposta do Paro Internacional de Mujeres na Argentina e outros países da América Latina e a Marcha das Mulheres nos Estados Unidos, demonstram a resistência crescente das mulheres, negras, lésbicas, latinas, bissexuais, indígenas, imigrantes e transexuais, contra o avanço do conservadorismo.
Foi muito longe do Brasil, na Rússia, que há exatos 100 anos, as mulheres trabalhadoras organizaram uma greve por melhores condições de trabalho e de vida, inaugurando o processo da revolução Russa. Essa revolução foi um marco na história do povo daquele país e de todo o mundo. Mulheres e homens passaram a construir novas relações econômicas, políticas, e também novas relações de igualdade. Como naquele momento, hoje as mulheres são o motor dessas mudanças.
O aumento da violência patriarcal – machista e racista – fica mais evidente a cada dia. Casos extremos como os da chacina de Campinas e o assassinato de Luana Barbosa em Ribeirão Preto são exceções que confirmam a regra, expressões exacerbadas de um cotidiano marcado por agressões e abusos.
Os dados são assustadores: o Brasil tem a 5ª maior taxa de morte de mulheres do mundo; em 10 anos, a quantidade de negras assassinadas e os casos de estupro notificados no país aumentaram 54% e 51% respectivamente. Essa violência é usada para nos controlar, para que tenhamos medo até de sair na rua, tanto para trabalhar e vivenciar momentos de lazer, quanto para reivindicar nossos direitos.
A violência também se manifesta no controle do nosso corpo e da nossa sexualidade. Devemos ser “belas, recatadas e do lar”, logo, não podemos decidir com quem e nem como nos relacionar. Tampouco podemos escolher sobre maternidade, que nos é imposta como “destino”, como designío da natureza, em outras palavras, como obrigação.
As mulheres que não aceitam o controle sobre seus corpos e nem modelo de sexualidade vigente estão sujeitas a receber “punição” tanto do Estado quanto da sociedade. A proibição do aborto, ou a realização de abortos em condições precárias, mata uma mulher a cada 09 minutos em nosso país. Lésbicas e bissexuais sofrem estupros “corretivos”, e estampamos a vergonhosa estatística do país que mais mata transsexuais e travestis no mundo, são 600 mortes em 6 anos.
Além disto, temos que nos enfrentar com governos que ao invés de aplicar os recursos em políticas públicas focadas na superação da violência, dos preconceitos, e na ampliação da malha de serviços para atender as nossas reais demandas, adotam o sucateamento e o descaso como política.
Na cidade de São Paulo, a gestão João Dória, seguindo o exemplo do governo ilegítimo de Michel Temer, acabou em uma canetada só com a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres e com Secretaria Municipal de Política de Promoção da Igualdade Racial, reduziu o transporte escolar e promete acabar com as farmácias nos postos de saúde, além de privatizar parques entre outros patrimônios públicos, tudo com a desculpa de “redução de despesas”.
O país que vivemos hoje não é mais o mesmo: Temer não é um presidente legítimo. Foi colocado como presidente após um golpe de novo tipo, fruto da articulação entre os diversos setores dos patrões, os meios de comunicação de massa como a Globo, o poder judiciário e os parlamentares. Este golpe é racista e Patriarcal, semeou ódio contra as mulheres, a população negra e os mais pobres e quer exterminar as organizações de movimentos populares e sociais.
O governo golpista tem objetivos maiores e já começou a mudar as leis trabalhistas e a aposentadoria, fazendo o povo e as mulheres trabalharem ainda mais.
Temer quer mudar as regras da aposentadoria obrigando os trabalhadores e trabalhadoras a contribuir por mais anos. Os golpistas dizem que a Previdência está em crise, mas isso é mentira. A seguridade social em 2015 deixou um resultado positivo de 23,948 bilhões de reais!
Um dos principais pontos que Temer levanta é o aumento da idade mínima para aposentar. No caso das mulheres, ele quer igualar o tempo de contribuição com os homens. Atualmente, as mulheres podem se aposentar 5 anos mais cedo. Isso é fruto do reconhecimento do trabalho das mulheres no cotidiano: além de arcar com o trabalho doméstico, entram e saem mais vezes do mercado de trabalho e ocupam a maioria dos cargos precários e informais. A vitória que as trabalhadoras domésticas, em sua maioria negras, tiveram há alguns anos com a regulamentação de seu trabalho será duramente atacada com essas medidas.
*As mulheres, por conta do trabalho doméstico não remunerado, chegam a trabalhar 12 horas a mais por semana que os homens. Se somarmos o número que horas que as mulheres trabalham a mais é como se fizéssemos em 30 anos o que os homens fazem em 40.
* Se o projeto de reforma for aprovado, 47% das mulheres que estão no mercado de trabalho hoje não conseguirão se aposentar.
* 74% das pensionistas são mulheres, a maioria delas hoje recebe um salário mínimo, com a reforma os benefícios poderão ser pagos em valor inferior ao mínimo.
Além disto, quem tem a pensão terá que escolher entre recebê-la ou receber sua própria aposentadoria.
A proposta atual do governo Temer é aumentar a idade de aposentadoria de homens e mulheres para 65 anos. Mas vamos fazer as contas, se a proposta de Temer passar, quem vai poder se aposentar realmente?
A diferença na expectativa de vida entre as pessoas que vivem nos bairros ricos e pobres de São Paulo pode chegar a 25 anos. Por exemplo, enquanto no Alto de Pinheiros se vive até quase 80 anos, na Cidade Tiradentes a média não chega aos 55. No estado de São Paulo a situação não é diferente. Ou seja, são os mais pobres, mulheres e negros e a população rural, são os que na pratica vão perder seu direito a aposentadoria! E a situação piora no caso de transexuais e travestis, com a menor expectativa de vida de todas: apenas 35 anos!
É por isso que no 8 de março nós mulheres estaremos nas ruas!
Contra a Reforma da Previdência e Trabalhista
Contra a Violência Machista
Pela Legalização do Aborto
FORA TEMER! É PELA VIDA DAS MULHERES!
Junte-se a nós!
Quando: 8 de março
Local: Praça da Sé
Horário: 15 horas
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Fonte: INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora
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