Em São Paulo mais de 100 mil foram às ruas. Próximo ato já está marcado para a esta quinta-feira (8).
Milhares de trabalhadores tomaram as ruas das principais capitais do país neste domingo (4) pelo “Fora Temer” e por novas eleições diretas para a Presidência da República. Além de demonstrarem a insatisfação do povo contra a retirada de direitos e os retrocessos sociais que motivaram o golpe. Os atos foram convocados pela Frente Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular.
Em São Paulo, mais de 100 mil pessoas ocuparam a Avenida Paulista. Já pela tarde, a Polícia Militar deteve 26 jovens antes do início do protesto. Todos foram levados para o Departamento de Investigações Sobre Crime Organizado (Deic) e não tiveram acesso a advogados. Os detidos também não puderam falar com familiares. Oito eram menores de idade.
O ato de saiu da Avenida Paulista de forma pacífica até o largo da Batata. “O Temer disse que essa manifestação teria apenas 40 pessoas. Hoje já somos mais de 100 mil manifestantes. O nosso primeiro grito na Paulista é ‘Fora Temer'”, disse Guilherme Boulos, Coordenador Nacional do MTST.
Ele explicou que outro motivo da manifestação é por nenhum direito a menos para todas e todos. “Este golpe quer destruir os direitos sociais do nosso país, quer rasgar a constituição de 1988, com a PEC 241, que quer congelar os gastos e os investimentos públicos do Brasil. Querem destruir os direitos trabalhistas, e a previdência, acabando com a CLT”.
Boulos definiu o atual governo como aristocrático, contra os direitos dos negros, das mulheres e da população LGBT. “Por isso viemos dizer em alto e bom som que o golpe não aconteceu apenas para destituir uma presidenta eleita, ele é contra a maioria do nosso povo”, prosseguiu.
“Nós queremos deixar registrado aqui na Avenida Paulista que queremos eleições diretas para a presidência da República e não um presidente biônico. E não reconhecemos a legitimidade deste Congresso”, terminou, deixando claro mais um dos objetivos da manifestação.
Por todo o percurso, se ouvia a já famosa palavra de ordem ‘Fora Temer’ ecoando pelas milhares de pessoas, o que tornava o grito ainda mais forte. “Hoje, demonstramos a nossa coragem e a nossa luta não pode parar”, disse Natália Szermeta, Coordenadora do MTST.
Ele disse ainda que “tentaram impedir a nossa manifestação, impedindo o povo de ocupar as ruas.Não mexa com o povo, não tire de nós o direito de decidir. Por isso, temos de dar continuidade ao Fora Temer e por diretas já. Nossa próxima manifestação será aqui, no Largo da Batata, e a batata vai assar”, finalizou.
Apesar de ter seguido pacificamente, após já ter terminado o ato, a PM soltou bombas de gás contra os manifestantes e até dentro do metrô Faria Lima, sufocando os que tentavam voltar para casa depois da passeata e transformando o Largo da Batata em uma verdadeira praça de guerra.
A Secretaria de Segurança Pública chegou a proibir o ato na sexta-feira, alegando que haveria a passagem da tocha paraolímpica e avisando que adotaria medidas coercitivas.
O governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB),ameaçou impedir o ato do domingo, ameaçando, inclusive, usar as Forças Armadas.
Durante toda a semana do impeachment, manifestantes foram violentamente agredidos pela ação da Polícia Militar. Uma jovem perdeu a visão de um dos olhos.
Em Florianópolis (SC), mais exemplos de truculência. A PM encurralou os manifestantes com balas e bombas de gás lacrimogêneo na rua Crispim Mira. Cerca de 10 mil participavam do ato no centro da cidade.
Em Curitiba, o ato começou na Praça 19 de Dezembro. Em Salvador, os manifestantes fizeram ato na região do Farol.
No Rio, a concentração foi em Copacabana e terminou no Canecão, em Botafogo, com entre 7 mil e 10 mil pessoas segundo a PM. O prédio abriga atualmente os ativistas do movimento #OcupaMinc, desde que o então governo interino de Temer decidiu extinguir o Ministério da Cultura e fundi-lo à pasta da Educação. Não houve incidentes.
Infelizmente, antes e depois das manifestações, a grande mídia fez questão de destacar incidentes, atos de vandalismo e defender a repressão policial como sendo necessária.
Novos atos estão programados em todo o país para a próxima quinta-feira (8).
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