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G20 SOCIAL: MOBILIZAÇÃO PELA JUSTIÇA SOCIAL E CLIMÁTICA

Imagem: Comunicação da Intersindical
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Entre os dias 14 e 16 de novembro, a Intersindical – Central da Classe Trabalhadora marcou presença no G20 Social, realizado no Rio de Janeiro, reafirmando seu compromisso com a defesa dos direitos da classe trabalhadora e a construção de uma sociedade mais justa e solidária no nível global. Representantes da central participaram de debates e mobilizações que abordaram questões centrais do mundo do trabalho, tecnologia, justiça climática e igualdade de gênero. 

Por uma nova governança global

No dia 14 de novembro, primeiro dia de atividades, a participação da Intersindical começou com a presença da Secretária-Geral, Nilza Pereira, na atividade “Os desafios da classe trabalhadora: a reforma da governança global e as ameaças de guerra” , organizada pela CTB (Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), entidade filiada à FSM (Federação Sindical Mundial). O evento reuniu diversos líderes, incluindo Adilson Araújo, presidente da CTB; Rula Shadid, do Instituto Palestino de Diplomacia Pública; e Ernesto Quiqui Trigo, do Sindicato Argentino dos Fabricantes de Couro. Foi apontado na atividade a necessidade de ações coletivas para enfrentar as crises atuais, como a redução da jornada de trabalho, a melhoria da qualidade de vida e a preservação dos direitos conquistados pelo movimento sindical, além de fortalecer a solidariedade internacional com a Palestina e o Líbano.

Lei da Igualdade Salarial

Logo em seguida, Nilza Pereira, Patrícia Carretero (Secretária de Mulheres), e Emylly Samila Medeiros (Secretária de Trabalhadoras(es) Autônomos, Informais e Precarizados) participaram do Fórum Nacional das Mulheres Trabalhadoras, que promoveu um debate aprofundado sobre a Lei de Igualdade Salarial e estratégias para superar as desigualdades de gênero no mercado de trabalho. A discussão foi centrada na necessidade de enfrentar as discriminações estruturais que afetam especialmente mulheres negras e indígenas, além de enfatizar como as desigualdades de gênero estão entrelaçadas com questões de classe e raça, criando barreiras à autonomia financeira e à igualdade de oportunidades. Durante a atividade foi apresentado o documento “Superação das Desigualdade entre homens e mulheres”, que contém a pauta sistematizada produzida pelo Fórum.

O Fórum também abordou legislações como a Lei de Igualdade Salarial e Convenções Internacionais da OIT, incluindo a Convenção 100 sobre Igualdade de Remuneração e a Convenção 190 contra a Violência e o Assédio no Trabalho, são instrumentos essenciais para combater as discriminações. No entanto, os participantes sublinharam que é necessário promover ações concretas como a redução da jornada de trabalho, a ampliação da licença parental e o fortalecimento da economia solidária, com políticas específicas para mulheres e mulheres negras, garantindo a sua autonomia financeira e a democratização do acesso a oportunidades.

Durante o evento, a central reforçou sua defesa de políticas públicas que promovem a equidade, como a criação de uma Política Nacional de Cuidados e o acesso universal à saúde, educação e previdência social e realizou a distribuição da cartilha “Agenda das Mulheres Trabalhadoras” de autoria do Coletivo de Mulheres da Intersindical. Ao final do debate, a central reafirmou que a igualdade de gênero é um eixo estratégico de sua atuação, sendo fundamental desnaturalizar as desigualdades e construir uma cultura de igualdade no mercado de trabalho e na sociedade como um todo.

Uma nova agenda para o movimento sindical

Ainda no dia 14, Nilza Pereira e o Secretário de Formação, Pedro Otoni, realizaram falas no painel “Transições no Mundo do Trabalho: Tecnologias Emergentes, Sustentabilidade Ambiental e Justiça Social para um Trabalho Decente” , organizado pelo Fórum das Centrais Sindicais em parceria com o DIEESE . Durante o debate, as Centrais Sindicais Brasileiras apresentaram um conjunto de propostas aos Estados membros do G20 , entre elas:

  • A implementação de políticas de desenvolvimento sustentável com geração de empregos de qualidade para combater a pobreza e as desigualdades.
  • A promoção do trabalho decente frente ao desenvolvimento das novas tecnologias de automação e processamento de dados, como as Inteligências Artificiais.
  • A defesa da soberania alimentar e do acesso democrático à terra e à água, priorizando práticas agroecológicas e sustentáveis.
  • A transição para uma economia de baixo carbono, com a inclusão social e a promoção da economia solidária.

As centrais também destacaram a necessidade de uma governança global mais inclusiva e multilateral, que amplie a participação dos países do Sul Global e promova a tributação progressiva dos super-ricos para financiar políticas públicas.

Nesta oportunidade foi apresentado o documento “Crescimento econômico, justiça social e democracia” de autoria do Fórum das Centrais, que “afirma que o equilíbrio fiscal deve ser alcançado com a tributação dos ricos, a redução significativa das desonerações e das isenções fiscais, bem como a redução do custo da dívida pública e o permanente cuidado com a qualidade dos gastos e dos investimentos públicos” são condições para o desenvolvimento sustentável e socialmente justo.

Mobilização contra a escala 6×1

No dia 15 de novembro, a Intersindical participou do ato público contra a escala de trabalho 6×1, ocorrida na Cinelândia, com a presença de trabalhadores de diversos setores, movimentos sociais e partidos políticos. Ribamar Passos, Secretário de Relações Sindicais, discursou representando a central, destacando o impacto dessa escala exaustiva na qualidade de vida dos trabalhadores e reiterando a importância de lutar por condições laborais mais humanas.

Trabalho e transição energética

Na parte da tarde, dirigentes da Intersindical participaram de uma reunião com Dean Hubbard, do Climate Jobs 2050 , uma coalizão norte-americana que conecta a luta por empregos de qualidade à transição para energias limpas. Durante o encontro, Roberto Santana, Pedro Otoni e Ribamar Passos, membros da Direção Nacional da Intersindical, discutiram possibilidades de cooperação entre os movimentos sindicais do Brasil e dos Estados Unidos, reforçando que justiça climática e justiça social são agendas indissociáveis.

Mulheres no centro da agenda

Além das atividades já mencionadas, a Secretária-Geral Nilza Pereira participou do painel “G20 e as Mulheres: Desenvolvimento Econômico, Inclusivo e Sustentável” , realizado no Espaço Kobra, no dia 15 de novembro. A mesa contou com a participação de Cida Gonçalves, Ministra das Mulheres, Janja Lula da Silva, Primeira-Dama do Brasil, e Benedita da Silva, deputada federal e representante do P20.

O painel abordou os avanços promovidos pelo Grupo de Trabalho de Empoderamento de Mulheres do G20, que completou seu primeiro ano de atuação, além das iniciativas para fortalecer a pauta de gênero em outros Grupos de Trabalho e de Engajamento. A presença de Nilza Pereira, primeira mulher a ocupar o cargo máximo de direção de uma central sindical brasileira, reforça o compromisso da Intersindical em garantir que as pautas de gênero estejam presentes no centro de discussão sobre desenvolvimento sustentável e novas governanças globais, reafirmando a importância de políticas que promovam igualdade e inclusão para mulheres em todas as esferas.

Declaração Final do G20 Social

O G20 Social encerrou no dia 16 de novembro com uma mesa de diálogo que contou com a participação de representantes da sociedade civil brasileira e internacional. Na ocasião, a Declaração Final da Cúpula Social foi apresentada e aclamada, reafirmando compromissos cruciais:

  • Combate à fome, à pobreza e à desigualdade: “Defendemos a soberania alimentar, a partir da produção de alimentos saudáveis, como um pilar para erradicar o flagelo da fome em cada nação e no plano global” e a “centralidade do trabalho decente, conforme os padrões da OIT, como elemento essencial na superação da pobreza e das desigualdades”.
  • Sustentabilidade e transição justa: “A transição justa deve ser o princípio norteador para substituir o modelo de produção baseado em combustíveis fósseis por uma economia de baixo Essa transformação precisa enfrentar a exclusão social, a pobreza energética e o racismo ambiental, e garantir condições equitativas para trabalhadores e trabalhadoras, pessoas negras e comunidades vulneráveis”.

A Intersindical, por meio da Secretaria-Geral, compôs a mesa de encerramento, até que foi feita a entrega do documento final do G20 Social ao Presidente Lula e um representante do corpo diplomático da África do Sul, país que sediará o próximo encontro do G20. A Intersindical foi parte ativa do evento em todos os espaços, destacando a importância de avançar na construção de uma agenda internacional de solidariedade e enfrentamento às desigualdades globais, conforme consta no jornal da Intersindical, distribuída durante as atividades.

Organização territorial nas periferias

O dia 16 encerrou com uma visita da delegação da Intersindical ao Espaço Comuna Ezídia Pirozi, localizado na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A atividade contou com a presença de militantes do MTST, Brigadas Populares e delegações das comunas venezuelanas e movimentos sociais da Colômbia. No Espaço funcional o Cursinho Popular Só Cria, a Escola de MCs e uma biblioteca comunitária. Nesta oportunidade o espaço foi apresentado por Roberto Santana sucedido por uma roda de conversa com as pessas presentes. Esta visita, segundo Nilza Pereira, faz parte da política da Intersindical que visa aproximar os movimentos populares do movimento sindical. Para a dirigente, “a classe trabalhadora tem diversas formas de expressão e organização, é preciso que a central tenha a capacidade de incluir toda essa diversidade e combater a fragmentação e o corporativismo”.

Agenda Internacional da classe trabalhadora

Durante o G20 Social, a Intersindical distribuiu um jornal especial que sintetizou as principais pautas da classe trabalhadora em nível internacional, reforçando a necessidade de uma mobilização global em defesa do meio ambiente, da democracia e dos direitos sociais. O material destacou a luta contra o genocídio sionista na Palestina e o bloqueio econômico em Cuba, reivindicando respeito à soberania dos povos. Além disso, trouxe um alerta sobre o avanço da extrema direita global e a importância de sindicatos fortes como pilares da democracia. O jornal também apresentou propostas para uma economia verde e justa, que priorize o bem-estar coletivo sobre o lucro, e uma denúncia contra o Acordo Mercosul-União Europeia, evidenciando seus impactos desastrosos na soberania e no emprego nos países sul americanos.

A participação da Intersindical no G20 Social evidencia seu papel como protagonista na defesa dos direitos dos trabalhadores no Brasil e sua disposição de construir pontes internacionais para enfrentar desafios como a crise climática e a precarização do trabalho. Como ressaltou Nilza Pereira: “Nosso papel é lutar por uma transição justa que una sustentabilidade ambiental e justiça social, ampliando os direitos da classe trabalhadora em escala global.”

 

 

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